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Writer's pictureAna De Cesaro

O único like que importa

Quão estranho é o tempo que estamos vivendo em que vemos políticos esperneando virtualmente pelo fim dos likes no Instagram, o presidente declarando que a fome no país é uma mentira e nós precisamos nos esforçar para recordar que há outros seres humanos no mundo além daqueles dentro do nosso celular.


Hoje me peguei pensando sobre o nível de dependência que as pessoas têm com as redes sociais, divaguei sobre a necessidade de parcela da sociedade de ter sua existência reconhecida por estranhos através de likes na internet e me entristeci, o coração pesou com um suspiro de desesperança por sentir nossa humanidade ser extraída de nossa personalidade.


Não me entenda mal, não venho escrever de cima de um pedestal intelectual de quem se coloca acima do problema. Sou usuária de redes sociais desde minha adolescência, cheguei na internet quando era tudo mato e também fui extremamente dependente da opinião dos outros a ponto de sentir que minha vida dependia do que pensavam de mim.


As redes sociais são ferramentas incríveis e que permitem que eventos maravilhosos aconteçam graças à aproximação das pessoas, mas quanto mais próximos estamos de quem está longe, mais nos distanciamos dos nossos próximos e de nós mesmos. Esquecemos do que importa na vida. Nos tornamos dependentes da aprovação alheia. Nossa opinião fica condicionada ao número de likes que gerar. Queremos ser vistos. Ficamos todos iguais fazendo as mesmas poses, as mesmas expressões e ângulos buscando um oásis virtual.


Fazemos as coisas porque queremos mostrar ao mundo que estamos ali. Nos despimos do altruísmo por trás de nossas ações. Tudo tem que ser exibido em tempo real e caso não o façamos a sensação é de que nada aconteceu. Será realmente assim?


O que estamos perdendo ao fazer isso? A quem estamos servindo quando estamos reportando cada passo que damos? Quem estamos convidando à nossa intimidade quando expomos nossas dores e nossa fragilidade humana? Quem são os expectadores silenciosos que têm acesso à nossa alma como alimento de forma vil?


Buscamos tanto por likes que esquecemos que nos desnudamos perante todos, inclusive aqueles que não nos premiam com o seu like. Deixamos que todos entrem em nossa casa, opinem sobre nossa intimidade e também nos façam mal. Nos fizemos vulneráveis a ponto de sermos dependentes dessa relação tóxica com a internet. (Alô Síndrome de Estocolmo!).

Quem é você sem a internet e sem ter a falsa noção de que você tem a sua importância atrelada aos números que carrega? Quais das suas ações são direcionadas pelo ímpeto da sua alma e não por querer ser um outdoor ambulante? O que você faz ao próximo é porque deseja o seu melhor ou porque quer divulgar para os outros o quanto você é uma boa pessoa?


Quando foi a última vez que você criou algo somente para você? Quando foi última vez que você fez algo porque queria e esperando nenhum tipo de validação online? O que você faz atualmente que te faz bem e que ninguém na internet sabe? O que você realmente ama? Você realmente sabe?


Quem é você sem a internet? Por que é tão importante para você a opinião alheia sobre quem você é ou o que faz? Quando foi a última vez que você criou algo sentindo-se completamente livre?


É hora de resgatar sua privacidade e entender que a internet é apenas uma emulação da vida real. Há muito mais na vida pra viver. Há muitas realidades além do seu celular. Há muitas formas reais de ajudar e se sentir útil para a sociedade que, sim, tem fome de comida, educação, carinho e arte.


O único like que importa é o seu. Liberte-se!


Liberte-se




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